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Cartografia do Assédio é uma performance que investiga a presença do corpo feminino no território urbano, a partir da posse masculina - e machista - do território público. A construção do ato performático surge de um método documental, baseado na coleta de depoimentos espontâneos de mulheres que transitam pela Rua Hercílio Luz, principal via de comércio da cidade de Itajaí/SC. Esse procedimento resultou num mapeamento de violências cotidianas, vividas por aquelas presenças femininas no espaço compartilhado da cidade.

 

As falas dessas mulheres diversas, além da experiência pessoal da performer, dão sentido a uma dramaturgia em performance, composta por fragmentos de vozes, narrativas de memórias e representações visuais, que compõem um percurso urbano cartografado.

 

O formato da performance explora as relações entre o íntimo e o público, com ações em espaços internos e percursos de ocupação da rua, em que os participantes são convidados a abandonar a posição passiva de espectadores e tornarem-se cúmplices ativos da performer, sendo conduzidos por ela a um estado de empatia, colaborativo, alerta e questionador. O coletivo em trânsito cruza a cidade, redefinindo olhares no entorno, e criando ações que se localizam entre reconstruções poéticas de estados de opressão e protestos por liberdade.

O processo e me entender como mulher no muno começou e forma sutil. Sempre me vi com direitos a menos, com medo de andar na rua sozinha e buscando no meu coro aprovação constante, especialmente em relação aos homens. Mesmo sem entender o que era tudo isso me sentia diferente sabia que não podia fazer coisas que os homens fazem, não por falta de capacidade, mas porque esse não era o lugar que escolheram pra mim. Quando entendi que e o espaço urbano não me pertencia e que meu corpo se tornava público quando e ousava existir ali, me vi inquieta.

O surgimento da Cartografia do Assédio partiu dessa inquietação, esse desejo de entender e pertencer. O processo permitiu que eu me visse em outras mulheres, que eu absorvesse suas histórias. Percebi que essas histórias poderiam ser minhas também Foi um processo de descobertas desafios e partilha. É sobre ouvir e ser ouvida. Sobre existir e resistir em um muno feito por homens e para homens.

Pietra Garcia

Performance de

Pietra Garcia

 

Concepção

Pietra Garcia e Renato Turnes

 

Direção artística

Renato Turnes

 

entrevistas e textos

Pietra Garcia

 

Apoio técnico

Leandro Cardoso e Mauro Filho

 

Figurinos

Leandro Cardoso

 

Fotografia e Arte Gráfica

Desdobraduras

 

Produção

Karma Coletivo de Artes Cênicas

por onde passou

- estreia Casa da Cultura Dide Brandão - outubro/2017

- SESC Balneário Camboriú - maio/2018

- projeto Conexões Contemporâneas, itajaí/SC - setembro/2018

- projeto Risco de Contágio, itajaí/SC - setembro/2018

- 2º CORES: arte, gênero e diversidade - agosto/2018

- 6º Festival Brasileiro de Teatro Toni Cunha - maio/2019

- Maratona Cultural de Florianópolis/SC  - agosto/2019

- 8º FACE - Festival de Artes Cênicas de Bauru/SP - setembro/2019

- 24º Floripa Teatro - Festival Isnard Azevedo - setembro/2019

- 10º FIT Dourados - Festival Internacional de Teatro de Dourados/MS - setembro/2019

Material Cartografia do Assédio

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